13.
A Eva é uma besta. Uma autêntica cabra. Um demónio em pele de anjo derradeiro e mortal.
Solta-me desse antro de perdição que é o teu coração, estripa-me com as lágrimas que derramas quando te sentes a pessoa mais infeliz do universo.
És a crueldade, o ódio, a raiva, a fúria, a morte, o medo e a desolação. És um nada, mas vales tudo para mim.
Vou procurar-te até que só reste o cansaço e os pedaços de um corpo ensanguentado que outrora foi meu. Vou percorrer o trilho do inferno em tua busca, vou vender a alma e a inteligência ao diabo. Vou fazer de ti uma assombração, um candeeiro que me adorna e me transporta para o limiar da podridão, da miséria que me afaga e sufoca desde que te perdi.
Não te vou deixar. Não vou esquecer que te foste embora sem te despedir. A parva da tua prima, a Maria Eduarda, não me disse para onde tinhas ido, mas eu consegui descobrir… O Brasil é o local ideal para continuarmos a alimentar o nosso amor platónico que tantas capas de revista vendeu. Preciso que o sonho volte a pairar sobre a vida mágica e intensa a que me habituaste.
Adoro-te. Adoro-te como se fosses Deus. Adoro-te e detesto-te ao mesmo tempo. És a minha salteadora de estradas e corações. A minha rameira, a minha deusa, o alento que trinquei e deixei a meio.
Vou procura-te, nem que seja a última coisa que faça. Quero os telefonemas das revistas a pedir entrevistas exclusivas, quero voltar a fazer correr tinta e a colorir papel com as fotos brilhantes de antes. Quero os teus beijos calorosos e molhados, o teu perfume suave com sabor a violetas. Quero a minha vida de protagonista universal e duradouro. Quero ser o centro das atenções e ter os focos de luz minuciosa e altiva para mim dirigidas.