'e não duvide que um dia eu te darei o céu o meu amor junto com um anel para a gente se casar nos cartório ou na igreja se você quiser se não quiser tudo bem, meu bem' seu jorge
A tua mãozinha agarrada à minha. O mar tão perto e tão bravo. A música encantada que tocava no rádio. Os teus olhinhos a fecharem-se, embalados pelo movimento do carro.
O momento foi mais-que-perfeito. Matilde.
E depois apareceu a esplanada onde te (re)encontrei cinco anos depois. E ainda não consigo perceber se valeu a pena ou não. Se sonhar não teria sido mais doce, mais calmo, mais real.
Não quero ouvir outra vez os 'fica para depois', mas vais ficar para sempre no meu coração.
Percebi que se não conheço assim tão bem as tuas mãos - que adoro- nunca vou conseguir decifrar essa tua inconstância, essa tua falta de sentimentos, esse teu querer-e-não-querer.
Por vezes as pessoas desiludem-nos, e fazem coisas que não percebemos. Apanham-nos as fraquezas e remexem-nas, estrangulam-nas. Já me aconteceu isto algumas vezes, mas a última é sempre a pior. E deixa-me sempre a pensar que não vale a pena oferecer sorrisos por nada, dar palavras por coisa nenhuma.
"da minha janela vejo uma outra janela do outro lado da estrada, povoada de um tom vermelho que faz sonhar, que faz desejar ter uma janela assim. Gosto de fumar ao som de seu jorge. nos primeiros dias do ano fazem-se planos, muda-se o que está mal, desejam-se brilhos nos olhos. o difícil é manter tudo isso em Fevereiro. boa sorte para nós."
Quando uma relação começa as pessoas dividem-se em dois grupos: a equipa da fuga para a frente e a equipa da ressaca. Os primeiros auto-convencem-se de que afinal aquela pessoa é que é a certa, começam quase imediatamente a trocar juras de amor e a desenhar o mesmo futuro que tinham imaginado com a pessoa anterior, entrando de cabeça num cenário previamente construído onde apenas muda o outro actor principal. (...)
A equipa da ressaca actua de forma completamente diferente: consciente das lesões sofridas anteriormente, senta-se no banco dos suplentes durante uma época e só volta a entrar em campo no último minuto possível, de capacete e ligaduras, e depois de ter feito vários exercícios de aquecimento. A equipa da ressaca não acredita em milagres nem constrói casas a partir do tecto; prefere ir juntando as peças antes de montar o puzzle, gosta mais de ir vivendo do que de viver tudo de uma vez e sente-se mais segura em empatar do que a marcar pontos.
'simples assim.tem montanha russa? tem sim, senhor. tem maré mansa e água fresca? também tem, para a mamã e para a filhinha.mas tem o preço. quer tentar? arrisque. e se espatife, sim. é dela, é da vida, essa puta.com o tempo a gente vai conhecendo os preços, vai investindo no que paga proporcional,vai fugindo dos contratos leoninos e das cláusulas abusivas.quem subiu e desceu (de escada ou queda livre),sabe da deliciosa vertigem da altura e da dor dos dentes da frente quebrados. mas é boa, é gostosa a vida.ter em mente, todavia, que nada impede que ela trapaceie e esconda cartas na manga,só pra depois sorrir pelas nossas costas. ela, a vida. essa deliciosa puta.'*
'A. sempre quis ser feliz. Estar apaixonada, amar e sorrir muito. Conhecer, desbravar montanhas e ultrapassar barreiras, ir mais além e alcançar uma espécie de plenitude. Sempre quis correr atrás do pouco provável porque impossíveis não existem. Quis fazer muitas amizades, preencher o coração com muito amor e dar muito amor aos outros. Espalhar magia, ternura, amizade e vontade de viver. Quis sonhar a vida toda, fazer novas amizades e manter as que quer que perdurem. Quis aprender sempre mais, ajudar os outros e fazer voluntariado. Acalenta a esperança de um dia ser possível. Eramus colocou de parte, ficar a estudar onde ficou revelou-se uma boa surpresa e dá por si a sorrir. Afinal, os planos modificaram-se com o decorrer do ano, apaixonou-se e sente-se bem assim. Mas quer inovar, remodelar, apaixonar-se ainda mais. Por músicas, fotografias, livros, exposições, sorrisos, recantos, viagens, família, amigos, teatro, cinema... E em 2009 continua a querer tudo o que sempre quis. E no contexto da temporalidade pensa muitas vezes numa certeza que a leva a sorrir muito e a sentir o coração bem quentinho e aconchegado. É que afinal em diferentes contextos um dia pode corresponder a uma semana, e nesta ordem de ideias uma amizade ou qualquer outra espécie de sonho que A. acalenta, demora pouco mais que uns dias para ser consolidada. É possível investirmos nos outros mesmo que eles estejam longe de nós, desde que os queiramos manter perto de nós. Em 2009 A. vai fazer os possíveis para manter quem gosta, o que gosta e o que espera e supõe vir a gostar sempre por perto!'
'há sons assim, que mergulham bem no interior de nós. têm a deliciosa capacidade de transformar tudo, de desculpar tudo, de tornar tudo tão simples quão na verdade é. são oxigénio em locais públicos, sombrinhas na tempestade, açúcar na sobremesa, abraços na infelicidade e amor no fundo das ruas inclinadas e difíceis de subir...'
'quando coisas do coração, não conseguem compreender minha mente não faz questão, e nem tem forças pra obedecer quantos sonhos já destrui e deixei escapar das mãos se o futuro assim permitir, não pretendo viver em vão meu amor, não estamos sós, tem um mundo a esperar por nós no infinito do céu azul, pode ter vida em Marte então, vem cá me dá a sua lingua então vem, eu quero abraçar você seu poder vem do sol minha medida então vem, vamos viver a vida então vem, senão eu vou perder quem sou vou querer me mudar para uma life on mars.. ' ' Seu Jorge, Life on Mars.
' a esperança e a ilusão são provas do coração. valem por si. feliz de quem tem a coragem e imaginação suficientes para se iludir. raios partam a cobardia vigente de quem tem tanto medo de se desiludir que se coíbe, logo à partida, de acreditar no que não esteja comprovado. como no amor:corre-se o risco de falhar, de tudo perder, de sofrer. mas que importa isso... se, se corre o risco de tudo conseguir ganhar? '
Se antes de cada acto nosso, nos puséssemos a prever todas as consequências dele, a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar.
'Aqui deixo um conselho que lhe poderá servir para a sua filosofia: - Não force nunca. Seja paciente pescador neste rio do existir. Não force a arte, não force a vida, nem o amor, nem a morte. Deixe que tudo suceda como um fruto maduro que se abre e lança no solo as sementes fecundas.que não haja em si, no anseio de viver, nenhum gesto que lhe perturbe a vida.' [Agostinho da Silva]
'Nenhum de nós gostaria de sobreviver à morte do outro. Dissemo-nos que se, mesmo impossivel, tivéssemos uma segunda vida, gostaríamos de a passar juntos...' [assim encerra o livro 'Lettre à D., Historie d'un Amour']